Nos últimos anos, a procura por alimentação saudável tem crescido de forma exponencial, refletindo uma mudança significativa nos hábitos de consumo a nível global. Este fenómeno resulta de uma maior consciencialização sobre os impactos da alimentação na saúde e bem-estar, impulsionada por vários fatores, como o aumento das doenças crónicas relacionadas com o estilo de vida, o acesso à informação e o desejo crescente de adotar hábitos de vida mais equilibrados.
A alimentação é um dos pilares fundamentais da saúde, e a ligação entre o que comemos e o nosso bem-estar físico e mental tem sido amplamente estudada. Relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que uma dieta equilibrada, rica em frutas, legumes, fibras e gorduras saudáveis, pode ajudar a prevenir doenças não transmissíveis, como diabetes tipo 2, hipertensão, obesidade e doenças cardiovasculares, que representam algumas das principais causas de morte a nível global. O consumo de produtos benéficos para a saúde tem crescido e a previsão é que continue a crescer a uma taxa anual de 5 a 10% nos próximos anos.
A EVOLUÇÃO DO CONSUMIDOR: DE “FOODIES” A “HEALTHIES”
Os consumidores têm-se tornado mais exigentes e atentos. Esta transformação foi amplamente impulsionada pela disseminação de informação, em grande parte através da internet e das redes sociais, que amplificam o acesso ao conhecimento sobre nutrição e saúde. Um estudo da McKinsey & Company mostrou que 79% dos consumidores consideram os rótulos alimentares como um fator crucial na escolha de produtos, e mais de metade procura ativamente evitar alimentos com aditivos, corantes artificiais e açúcares refinados.
Este novo perfil de consumidor, que podemos chamar de “healthies”, valoriza ingredientes funcionais, como probióticos, proteínas vegetais, antioxidantes e alimentos ricos em fibras, que contribuem para o bem-estar geral. Os produtos “clean label” — aqueles que apresentam ingredientes simples e reconhecíveis — tornaram-se um padrão de ouro para muitos compradores. A tendência crescente do veganismo, vegetarianismo e do consumo de produtos à base de plantas também reflete este movimento, com um número cada vez maior de pessoas a procurar alimentos que sustentem não apenas a sua saúde, mas também o bem-estar do planeta.
O estudo Health & Wellness 2030, conduzido pela consultora KPMG, revela que os consumidores estão cada vez mais a procurar alimentos que contribuam para objetivos específicos de saúde, como o controlo de peso, melhor digestão, aumento de energia e fortalecimento do sistema imunitário. Esta tendência foi reforçada pela pandemia de COVID-19, que aumentou a sensibilização para a importância da imunidade e da saúde preventiva. A procura por alimentação saudável está também intrinsecamente ligada à preocupação crescente com a sustentabilidade. Os consumidores não querem apenas que os alimentos sejam benéficos para o seu corpo, mas também para o planeta. Esta é uma tendência particularmente visível entre os consumidores mais jovens, como os Millennials e a Geração Z, que estão mais dispostos a alinhar as suas escolhas alimentares com os princípios de sustentabilidade ambiental e responsabilidade social.
Estudos mostram que as dietas à base de plantas têm um impacto ambiental significativamente menor em comparação com dietas ricas em produtos de origem animal, tanto em termos de emissões de gases de efeito estufa como no uso de água e na degradação dos solos. Por isso, o crescimento do consumo de produtos vegetarianos e veganos não pode ser separado das preocupações ecológicas. A Boston Consulting Group prevê que, até 2025, os produtos alternativos à carne, como as proteínas vegetais e as carnes cultivadas em laboratório, irão representar 11% do mercado global de proteínas.
O PAPEL DOS SNACKS SAUDÁVEIS E DAS BEBIDAS FUNCIONAIS
Uma área onde a procura por alimentos saudáveis tem visto um crescimento particularmente rápido é no segmento dos snacks e bebidas funcionais. Estes produtos, concebidos para oferecer benefícios específicos, como energia, foco, saúde digestiva ou apoio ao sistema imunitário, estão a transformar-se numa escolha popular entre consumidores que procuram conveniência sem sacrificar a saúde. Segundo a Euromonitor International, o mercado global de snacks saudáveis deverá crescer a uma taxa composta de 5% ao ano até 2025, com uma particular preferência por snacks ricos em proteínas, barras energéticas e snacks à base de frutos.
No que diz respeito às bebidas funcionais, a tendência também é crescente. São várias as marcas que têm apostado em bebidas com probióticos, colagénio e outros ingredientes funcionais, que ajudam a reforçar a digestão, a hidratação e a beleza de dentro para fora, respondendo à procura dos consumidores por soluções nutricionais convenientes e eficazes.